quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Faca na Bota

Sobrevivência na Selva é para quem é
Faca na Bota!





“Bem vindos!
Se você ama a natureza; se você gosta de boas emoções; se você tem coragem e determinação; enfim, se você é Faca na Bota, devemos ser amigos!”
*
*
>>>>> A vida nos ensina muita coisa. As pessoas com quem convivemos, os manuais escritos, e as nossas próprias experiências nos ensinam muitas coisas. Até mesmo os erros, os nossos e os de outras pessoas, nos ensinam. Mas o que fazer quando enfrentamos o desconhecido, o inesperado, e até mesmo o desespero, diante de uma situação sobre a qual nada sabemos, e em um ambiente hostil? É então que entendemos o real significado da palavra Sobrevivência. Quando a coragem nos impele a continuar, sem desistir, a enfrentar nossos mais profundos medos. Quando nos tornamos sobreviventes.
>>>>> Um dia descobri que quanto menos se tem, menos se precisa. É inacreditável o que se pode fazer quando se está em dificuldades, com poucos recursos, mas com um objetivo claro em mente. As pessoas não sabem o poder que têm. Acreditam piamente que precisam daquilo que não precisam. A necessidade faz a criatividade. O ser humano de hoje está acostumado a ter tudo nas mãos. As facilidades da tecnologia, embora muitíssimo úteis, tiram das pessoas aquilo que realmente conta para sua sobrevivência: a arte da improvisação.
>>>>> Este Blog é dedicado a todos os amantes da natureza. A todos os aventureiros que sabem conscientes que a vida é frágil e curta demais para ser passada em salas de escritório, à busca incessante de dinheiro, nos grilhões da chamada “responsabilidade”; ou então, em clubes virtuais, com milhares de adeptos solitários, ou à busca de festas e divertimentos em que o álcool é o item principal. Dedico este Blog a quem é Faca na Bota.
*
BB
*
*
Le Parkour (Selvagem e Original)
*
*
>>>>> Há várias modalidades de esportes praticados em contato direto com a natureza. Alguns aventureiros preferem este ou aquele, mas a maioria dos Faca na Bota experimenta vários. Inicialmente, surgiu o Naturalismo, atividade em que um ou mais aventureiros exploradores saíam de sua casa, e até de seu País, para passar semanas ou meses em lugares desconhecidos e inóspitos. É das mais antigas atividades de aventura. Hoje, temos o escotismo, para os bem disciplinados; o montanhismo, a escalada e o rapel, para quem gosta de viver pendurado(a); o rafting, para quem trabalha bem em equipe; a caminhada ecológica guiada, para quem é pouco íntimo das emoções mais fortes. Enfim, temos o arvorismo, o surf, o pára-quedismo, o pára-pentismo, e tantos outros ligados aos elementos da Mãe Natureza. Mas há um outro, que já foi tipicamente militar, mas que hoje vem se tornando cada vez mais comum no meio civil: o que era chamado Progressão Noturna (ou Deslocamento Noturno, em exercícios de campanha militares), chamamos também de Parkour.
>>>>> O Parkour consiste de um grupo de aventureiros, que parte de um ponto específico, tendo um destino determinado e um plano objetivo de deslocamento. Seus instrumentos materiais são um mapa (ou carta topográfica, para os militares), e uma bússola. A emoção fica por conta dos acidentes do terreno, que precisam ser contornados, das necessidades de hidratação e alimentação, dos conflitos pessoais quanto às decisões, e do enfrentamento do inesperado. Isso tudo faz da atividade algo mais do que simplesmente divertido: é educativo; é um ensinamento para a vida. É inacreditável o que uma pessoa pode fazer com uma faca, um cantil, um cadarço, e uma determinação inabalável. Constrói-se um mundo. Por isso, somos Faca na Bota.
*
*
*
Kit’s de Sobrevivência na Selva – Panorama Geral**
*Kit’s de Sobrevivência na Selva – Kit Básico*
*
>>>>> Aquilo de que você mais precisa em uma situação difícil, e que não poderá faltar, jamais, são estas duas coisas: Determinação (ou chame disposição, coragem, vontade de ferro; enfim, obstinação); e Informação (essa nem sempre a temos, mas mesmo partindo-se do “zero”, podemos adquiri-la no decorrer da experiência, simplesmente não repetindo os erros). Sem essas duas aliadas ficaria muito difícil. Sem a segunda, até seria possível sobreviver. Mas sem a primeira, boa sorte!
>>>>> Aquilo de material que você realmente precisaria, que faria falta, resume-se a esta lista. Todo o
resto, já seria lucro!
*
*
1) Cantil - para a reserva de água;
2) Faca de caça - para milhares de usos;
3) Pederneira, Pedra-Ferro ou Sílex - para fazer fogo;
4) Caneca de aço inox - para cozinhar e ferver a água.
*
*
>>>>> Estes quatro itens são básicos para quem enfrenta a possibilidade de se achar perdido(a) em uma selva.
>>>>> O cantil servirá para acumular o máximo de água potável para uso posterior. Jamais, ao encontrar uma fonte de água limpa, despreze o cantil. Aproveite, e lave-o, enchendo-o em seguida. Guarde-o cheio, e beba diretamente da fonte, se a água for límpida e dispensar a fervura. Assim, você repõe a água do corpo, e mantém uma reserva para depois. Afinal, você não sabe se vai encontrar água pelo resto do caminho.
>>>>> A faca de caça dispensa comentários. Qualquer mateiro sabe a falta que faria, e os muitos usos possíveis: desde a construção de abrigos, ao preparo da comida; e desde auxiliar na manipulação de itens hostis, à defesa contra o chupa-cabras.
>>>>> As pederneiras, as pedras-ferro ou de sílex, servem para produzir faíscas. Estas faíscas, em contato com folhas secas, ou com musgos secos, produzem fogo. As pederneiras funcionam bem em qualquer ambiente, inclusive no úmido. E, em ambientes úmidos e frios, o fogo é grande aliado. Exceto em manobras militares, quando evita-se fazer fogo para dificultar a localização (pelo inimigo), todos os aventureiros preferem ter uma fogueira; também para aquecer-se, mas, principalmente, para secar as roupas e os calçados (Lembre-se: ficar com as botas e as roupas molhadas por muito tempo - mais de dez horas - prejudica a saúde e favorece o aparecimento dos fungos).
>>>>> Caneca de inox. Bem, você não vai levar uma panela por aí. Mas, se houver a mínima chance de você se perder na mata, além dos itens anteriores, tenha uma caneca de aço. Por quê? Simples: Você a usará tanto para ferver (e purificar) a água, como para cozinhar alimentos vegetais. Uma sopa de mato pode elevar seu ânimo... e salvar sua vida!
>>>>> Assim, com estes quatro itens, e mais a Determinação e a Informação, você estará preparado(a) para desbravar a Amazônia!
*
*
*
Kit’s de Sobrevivência na Selva – Kit Preparado
*
*
>>>>> Se você pretende aventurar-se no mato com os amigos, tenha em mente que a orientação de alguém conhecedor é importante. Não faça nada por impulso. Jamais saia por uma área desconhecida despreparado(a), sem um plano, e sem avisar alguém. Estamos falando aqui em perder-se no caminho entre duas fazendas ou em uma reserva florestal aberta a visitas, onde os bombeiros terão mais chances de resgatá-lo(a). Avançar numa grande floresta apenas com o kit básico é só para profissionais. Para os Faca na Bota que querem o gostinho da aventura, darei algumas dicas adiante. Bem, em uma aventura de equipe, além daquilo já citado, tenha também alguns itens a mais. Mas lembre-se: o que nunca poderá faltar, jamais, são estas duas coisas: Determinação e Informação.
*
*
1) Kit de Primeiros Socorros *;
2) Cantil **;
3) Faca de caça*;
4) Pederneira, Pedra-Ferro ou Sílex;
5) Caneca de aço inox *;
6) Corda ** - o que puder levar; quanto mais, melhor;
7) Mapa, Bússola e Bloco de anotações e Lápis – para navegação;
8) Mochila *, de preferência impermeável, ou com saco interno impermeável, contendo mudas de roupas secas, principalmente meias e roupas íntimas;
9) Tecido ** grande, de preferência impermeável, para abrigo; ou um saco de dormir;
10) Facão de Mato (40 cm), ou Machadinho - para construção de abrigos;
11) Pá de Campanha ** - para cavar tocas e pequenas sendas de drenagem;
12) Frigideira ou Caçarola com alça - para cozinhar;
13) Identificação * (documentos plastificados, para casos de abordagens policiais ou militares);
14) Manuais de Sobrevivência, Guias de Plantas Comestíveis e Venenosas, etc...
15) Máximo de Informações sobre a flora e fauna locais **;
16) Certeza de que avisou outras pessoas a localização prevista para o Parkour **.
*Notas:
* Bom que haja um para cada integrante;
** Quanto mais, melhor;
Dos itens sem nota, uma unidade basta para o grupo.
*
*
*
>>>>> Há outros itens importantes, como os remédios que um dos integrantes utiliza normalmente, por prescrição médica. Filtro solar ajuda, pois dispensa-nos de usar “panos” na cabeça. Kits de Primeiros Socorros são tão importantes, que cada um deveria carregar um, e o mais completo possível, com bastante gaze, curatvos, antissépticos e etc. (mas sem comprimidinhos para dor de cabeça, para isso, para aquilo. Faca na bota não é dondoca! Se não agüenta, fica em casa!). Alguns itens citados, como facas, canecas, pederneiras, cantis, podem ser divididos, mas o ideal é que se tenha de sobra, principalmente cantis. Cordas e tecidos impermeáveis, é bom que se leve o máximo possível, desde que o peso total não comprometa a marcha (nem a saúde vertebral dos componentes). Facão de mato, ou machadinhas de acampamento, são muito úteis na hora de cortar galhos para a construção de um abrigo. Mas evite levar excesso de peso. Leve uma ou outra. Quanto mais unidades, mais mãos trabalham; mas será peso excedente, posto que se pode revezar nos trabalhos. Se o grupo for maior que quatro, talvez duas unidades bastem. E o facão terá sido uma ótima aquisição numa situação complicada, como por exemplo, um encontro com o Chupa-cabras (Você tá rindo?! Ria... Ria mesmo! Quando não estiver mais rindo, escreva-me dizendo por quê!). Frigideira substitui caçarola e canecas (para cozimento), mas basta apenas uma. Pás de campanha são práticas, e pode-se levar uma por grupo. Servem bem para cavar tocas (abrigos no solo), ou para cavar valas de drenagem em volta do acampamento. Manuais, blocos, e papéis e geral, só são úteis se estiverem secos. Roupas limpas também. Garanta que a mochila fique protegida, e se possível, utilize sacos impermeáveis, bem fechados.
*
*
*
Outras Dicas:
*
*
*
>>>>> Nunca atravesse cursos d’água muito fortes, e sem o apoio de uma corda firmemente presa a um ponto sólido. Faça-o um de cada vez, enquanto outro observa a corda. Use salva-vidas para boiar, pois há muitos atoleiros de barro e galhadas que podem nos prender ao fundo. (uma boa bóia pode ser feita com garrafinhas pet. Mas lembre-se: não as deixe no local. Só gente muito relaxada joga plástico nas nossas matas!). Sobre os riscos de se atravessar rios e córregos, calcule imparcialmente todos os riscos; e, na menor dúvida, não prossiga por ali. A água é perigosa, mas a imprudência é traiçoeira! Nunca durma diretamente no solo, sem forrá-lo com bastante folhas ou com um tecido impermeável. Nunca durmam todos ao mesmo tempo: revezem-se no serviço de sentinela. O padrão é 3x2 (padrão militar, com mínimo de três integrantes). Um vigia por duas horas, e dorme quatro, pois há os outros dois, com duas horas de sentinela cada um. E nunca, mas nunca mesmo, banque o herói. Risque do seu vocabulário frases como: “Olha eu aqui!”, “É inofensivo...”, “O que não mata, engorda...” e “Fica tranqüilo, eu já vi isso num filme!”. Não seja burro nem louco. Seja Faca na Bota!
*
*
*
*
* A maioria das informações acima foram compiladas de minhas experiências pessoais como soldado da FAB, 1ª turma de 1993.
*
Outras fontes e referências:
*
* Manual de Sobrevivência na Selva - IP 21-80 (Exército Brasileiro, 1999, 2ª ed.);
* The U. S. Armed Forces Survival Manual (John Boswell, 1980);
* Algumas fontes na Web.
*
*
(Terça-feira, 21 de dezembro de 2010. 00:05.)