quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Sobre Acampamentos

Faca na Bota
dá dicas de
Acampamentos
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Acampamentos são locais tanto de estada, descanso e recuperação, como de base para as demais operações. Se a estada no local for involuntária, como no caso de um naufrágio ou acidente, ou mesmo no caso de se estar perdido(a), o acampamento será um esteio seguro e confortante, se for corretamente preparado. É o local para onde se retorna, no caso de uma tentativa de resgate mal sucedida.
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Acampar perto da Água
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É importante que o local de acampamento seja perto o suficiente de uma fonte de água; mas também, longe o suficiente desta. Explico: água é necessidade extrema, por isso, devemos garantir que tenhamos onde buscá-la. Se houver um rio ou igarapé por perto, tanto melhor! Acampar perto de um manancial será proveitoso. Contudo, há seus inconvenientes... Enumeramos a seguir os perigos e inconvenientes.
Para começar, o menor dos problemas: mosquitos (e outros insetos). quanto mais baixo o terreno (portanto, quanto mais próximo da água), mais suscetíveis aos insetos, e principalmente aos mosquitos, estaremos. Isto, em qualquer lugar do globo.
Devemos ter em mente que, assim como nós, o resto dos animais também necessita de água. Em florestas com lobos ou felinos, devemos ter o cuidado de não ficar entre estes e a água. Ela própria atrairá o perigo.
Já em uma floresta alagada ou pantanosa, como o pantanal mato-grossense, onde as onças são cada vez mais raras, devemos temer o perigo que vem do outro lado: da água! Sucuris, jacarés (açu e papo amarelo), ou mesmo bravíssimas ariranhas. Ficar sentado(a) muito perto do leito já é perigoso, quanto mais dormir próximo das áreas de ação destes animais.
Outro perigo oculto é o das cheias. Um rio que parece raso, estreito, calmo, pode se tornar um pesadelo de um instante a outro. E o motivo é pura Geografia e Física: A água que corre neles vem das terras mais altas, tendo como origem as chuvas. Se um rio recebe mais água do que lhe cabe, esta transborda. Quando uma área alta recebe uma quantidade elevada de chuvas em um curto espaço de tempo, para onde esta água vai? Você pode ver um rio que sempre teve o mesmo volume se encher e transbordar, levando tudo o que há pela frente, inclusive você, sem haver sequer uma nuvem no céu (pelo menos no local onde você se encontra). Por isso, fique atento(a).
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Então, Onde Acampar?
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O ideal é que se acampe onde haja água por perto, mas não tão perto. Se você tiver a sorte de encontrar um rio ou igarapé, não a despreze. Entretanto, tome alguns cuidados básicos, como o de manter alguma distância do leito.
Encontre uma área alta e seca (a parte mais alta que puder encontrar), e veja se é possível usá-la (deve permitir que se possa aproveitá-la sem muito esforço para a limpeza). O ideal é que tenha espaço o suficiente para se fazer um abrigo (cama) e uma fogueira, sem que haja apertos. A área em volta também deve ser minuciosamente examinada afim de descartar a possibilidade de se dormir sobre ninhos de cobras, de escorpiões, de formigas (ou sob vespeiros) e etc...
O tamanho do local é um questão de aproveitamento, mas evite acampar cercado por mato alto, muitos arbustos, troncos e galhos podres. O ideal é que se limpe a área (com o cuidado de não tocar em nada sem a proteção de paus ou do facão. Você não quer descobrir uma cobra cruzeiro quando for tarde demais, quer?!). Se você tiver um diâmetro livre de três metros em uma área alta e seca, ótimo! Remova todo o mato, as pedras e os galhos secos (amontoe-os à margem para utilizar como abrigo ou lenha). Se houver uma pedra grande, que possa servir de ‘cabeceira’, faça o seguinte:
Limpe a área ao redor da pedra, e verifique de que lado vem o vento. Após isto, demarque a área da pedra que está protegida do vento (a parte oposta ao vento). Ali, faça o abrigo. Evite arbustos fechados, pois pela proteção que oferecem, eles também são visados pelas cobras e por outros visitantes indesejados.
A fogueira deverá ficar na parte oposta à cabeceira, aos pés do abrigo, com você exatamente no meio. Assim, o vento bate na pedra, não atingindo você nem a fogueira diretamente. E o calor da fogueira, mesmo contra o vento, acabará chegando na cabeceira, aumentando assim o calor no abrigo.
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A seguir, vejamos os esquemas que preparei para melhor ilustrar o que estamos estudando. Há alguns equívocos de escala, mas dá para se ter uma noção de conjunto.
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1) Melhor local possível para se montar um acampamento (com relação à água):
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Água é vital. Procure tê-la por perto. Se houver um rio próximo, melhor: água corrente é mais saudável!
Nem sempre disporemos de tamanha facilidade. Mas, se acaso houver, aproveite. Veja o esquema abaixo:
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Figura 1: Melhor área possível para acampar.
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Descubra primeiramente em que sentido a água se movimenta. Se houver correnteza, será muito mais fácil. Se não, jogue uma folha de árvore e a direção ficará perceptível. Não preciso avisar que deve-se escolher um local desabitado por jacarés e afins. No exemplo acima, trabalhamos com a hipótese de um rio limpo, claro e sem animais perigosos. Assim o dividimos:
a) Montante: A parte alta do rio. Da margem mais próxima ao acampamento, identifique ‘de onde’ e ‘para onde’ a água corre. O montante será a parte de onde a água vem, a que primeiro será banhada pelas águas. Se o sentido do rio é Oeste-Leste, esta será a parte mais a oeste. Ali pegaremos a água que beberemos, que usaremos para cozinhar e para lavar ferimentos. Isto porque há mais possibilidades dessa água ser limpa (ao menos não conterá a “água do nosso banho”). Devemos ali encher os cantis e todos os vasilhames de que dispomos.
b) Área Central: A parte mais próxima ao acampamento, em linha reta. Ali poderemos nos banhar, sempre tomando cuidados com a fauna local e com as armadilhas do próprio rio. Ali, você não corre o risco de contaminar a água de subsistência, nem será contaminado pela água “da louça”. Mas lembre-se: ao entrar em qualquer rio, lago ou igarapé, mantenha os dois olhos sempre abertos. A Natureza é Mãe, mas é cruel! Não pense que você é imortal, porque o seu corpo é formado de terra e à Mãe Terra voltará!
c) Vazante: A parte para onde vai o rio. Se precisar lavar instrumentos ou roupas, utilize esta parte mais afastada. Assim, você comprometerá somente a água dos que estiverem acampados rio-abaixo (brincadeirinha! É só um caso de necessidade).
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2) Como se livrar dos dejetos orgânicos:
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Dejetos orgânicos, como restos de comida, cascas de frutas, fezes e urina, bandagens com sangue ou pus, ou qualquer coisa que tenha odor, tudo isso atrairá a fauna local. Restos de comida atrairão muitos animais, por isso, evite cozinhar mais do que o necessário (se for permanecer no acampamento. Se for para viagem, tudo bem). Embale as sobras em uma proteção qualquer, e amarre em um lugar alto. Pendure o mais alto que puder, afastado do abrigo. Assim, se um animal grande farejar a comida, não encontrará você no caminho.
Outro problema são os nossos dejetos: urina e fezes. Evite deixá-los próximos ao acampamento. Para isso, faça como no esquema: afastado do abrigo, mas não muito longe (entre 15 e 25 metros é o ideal), cave uma ou duas fossas para enterrar os despejos. Talvez uns 30 ou 40 cm de profundidade por uns 20 cm de diâmetro resolvam. Depende da duração da estada. Se necessário, abra mais fossas. Antes que encham, tape-as. Assim, evitarão atrair animais ferozes, moscas, mosquitos, bactéreas, e evitarão as doenças e o mau cheiro.
Agora que você já sabe disso, aí vão duas dicas importantes:
a) Nunca vá fazer as necessidades na própria fossa. Pode parecer higiênico, mas é perigoso. Principalmente no meio da noite. Além de não estarem localizadas em área conhecida (limpa), podendo esta estar visada por predadores e animais peçonhentos, você ficará com frio. Faça no acampamento, sobre folhas, ou em algum vasilhame próprio, e após leve tudo para as fossas.
b) Nunca cave as fossas próximo da água. Nunca, e ponto final. Faça-as longe, sempre no sentido oposto ao do rio/lago/igarapé. 30 ou 40 metros está bom. E o motivo é muito simples: evitar a contaminação.
A seguir, veja o esquema para as fossas:
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Figura 2: Fossas para Dejetos Longe do Rio e do Acampamento.
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3) Como conseguir água limpa, se o rio/lago/igarapé está muito turvo, ou poluído:
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Examine a margem, e escolha um local limpo, no mesmo nível da água. Calcule uns 4 ou 5 metros, a partir da água, em linha reta. Cave um ou dois buracos próximos, com profundidade de uns 30 ou 40 cm, por uns 25 cm de diâmetro. Espere até que encha (dependendo do tipo de solo, pode demorar mais ou menos).
Quando o(s) buraco(s) estiver(em) cheio(s), com cuidado, retire a água sem tocar nas paredes ou no fundo. Evite turvar a água com o barro. Vede figura 3:
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Figura 3: Buracos de água filtrada.
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Contudo, se você está em situação de emergência (naufrágio), e deseja ser achado(a), faça como segue:
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4) Como deixar marcas visíveis da terra e do céu:
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Além de uma boa fogueira, que pode ser de auxílio tanto à noite (como sinal de luz), como durante o dia (como sinal de fumaça), procure também deixar outros sinais, que possam ser vistos do céu.
No local do acampamento, limpe uma área próxima, de uns 30 x 30 metros (se não for possível, 12 x12 metros é melhor que nada!), e procure três troncos de árvore grandes (palmeiras, bananeiras, etc...) para fazer o sinal internacional de socorro: o triângulo eqüilátero. Visto do céu, um triângulo eqüilátero feito de improviso alerta pilotos e equipes de resgate sobre uma situação de emergência no local. Use o que tiver à mão: galhos, pedras, entulho, etc..., mas cuidado! Tenha a certeza de que o contraste de cores possa ser visto de longe, e que seu “pedido de socorro” não “saia voando” à primeira brisa que soprar. Previdência é um artigo de luxo, e nesses casos, significa a própria sobrevivência!
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Figura 4: Sinal internacional de pedido de socorro.
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Espero que estas instruções possam ser de alguma utilidade.
Até a próxima, quando estaremos tratando de: Abrigos, Água, Comida, Remédios Naturais, Orientação, Navegação e mais.
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Investimento Material 02

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>>>> A seguir, relacionamos mais alguns materiais que podem ser facilmente adquiridos, e a preços ótimos, para suas aventuras no mato. Eu não tenho patrocínio, nem recebo nada da Tramontina. Optei por referenciar a marca por minha própria conta, devido à minha preferência pessoal.
>>>> Em visita à sede da fábria, em Carlos Barbosa, RS, no dia 10/09/2011, aproveitei para atualizar meu equipamento permanente.
>>>> Outros acessórios, menos duráveis, como cordas e cordames, encontrei num mercado na rua detrás da minha. Tudo baratinho, baratinho. Com menos de R$ 10,00, você sobrevive... Com R$ 100,00, você se torna um Bear Grylls com muito mais conforto que o original.
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>>>> Bisbilhotando no mercado, encontrei este prático cordame de fibras de corda. Pode não durar eternamente na umidade, mas é bem forte:
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>>>> No mesmo mercado, encontrei esta corda de varal (em plástico). Boa para armar tetos de abrigos:
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>>>> Na fábrica da Tramontina os preços são melhores que nas lojas. Este facão é o menor que encontrei (39 cm), mas é pesado o suficiente para substituir um maior, ou até mesmo as machadinhas de campanha. A bainha vem separada:
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>>>> Achei este incrível canivete de alpinista, do tipo que abre e fecha com uma única mão (Infelizmente, pensam apenas nos destros! Ainda bem que sou ambidestro!)?
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>>>> As compactas pás de campanha ainda são grandes para se carregar na mochila. Havia o modelo "pá-picareta" dobrável na fábrica. Optei por uma pequena pá de jardinagem, que servirá para cavar água, drenos ao redor do abrigo, abrigos e fossas. São de aço, muito resistentes:
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>>>> As fotos exibidas aqui são de meu material pessoal. Eu não vendo produtos via rede, não ofereço cursos, nem tenho intenções comerciais quaisquer que sejam. Apenas compartilho a paixão pela selva.
>>>> Até a próxima!
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quinta-feira, 10 de março de 2011

As Três Siglas da Sobrevivência


Faca na Bota
Apresenta
As Três Siglas da Sobrevivência
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Apresentação
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A sobrevivência depende unicamente de um fator: sobreviver! Sobrevivência é resultado; o verbo sobreviver é a ação em si. Sobreviver é superar, continuar, sejam quais forem os meios, as situações, os poucos ‘prós’ e os muitos ‘contra’.
Sobreviver depende de como enfrentamos estes mesmos meios, situações, ‘prós’ e ‘contras’. Sobrevivência é a arte de entrar e sair de quaisquer situações e/ou meios hostis, com um mínimo de recursos, obtendo sucesso no final.
Sobrevivência é, em resumo, a arte de sobreviver com o que se tem, onde se está, haja o que houver, venha o que vier.
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BB
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As Situações de Sobrevivência
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Várias situações podem levar pessoas a uma condição extrema. Na realidade, todos nós, seres humanos, somos sobreviventes. O nosso mundo, em si, é um meio hostil. Dizem os grandes Budas que, se o mundo não fosse o reino do sofrimento, as crianças ririam, e não chorariam ao nascer. Quantas enfermidades já superamos? Quantas situações de perigo já conhecemos? E sobrevivemos!
Há pessoas que pensam que a Natureza, em estado bruto, é a morada dos seres selvagens. Que as pessoas ditas ‘civilizadas’ não podem sobreviver muito tempo na selva, no deserto, na montanha, na neve, no mar ou em quaisquer outros meios. Realmente, há pessoas que pensam assim. E estas, na verdade, não sobrevivem mesmo! Mais adiante, veremos por quê.
Dentre as situações que colocam uma pessoa na condição de sobrevivente, temos várias:
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1) Aventura inconseqüente: Quando mateiros inexperiêntes, ecologistas de fim de semana, campistas ou pescadores aventuram-se na selva sem o devido preparo (informações, orientação, material, ou outro recurso necessário qualquer), e acabam por se desencontrar do caminho, perdendo também o contato com o mundo exterior;
2) Resgate frustrado: Quando uma equipe despreparada, ou mal orientada, à procura de aventureiros perdidos, por uma fatalidade rara, perde-se também;
3) Acidente marítimo, fluvial, aéreo: Este é o mais trágico e indesejado. Quando os sobreviventes de um acidente encontram-se em um ambiente selvagem, hostil, sem os recursos que a ‘civilização’ oferece, muitas vezes seriamente feridos;
4) Treinamento: Diversas equipes aventuram-se propositadamente nos territórios selvagens e inóspitos. Algumas com fins militares, outras com fins puramente educativos, e todas têm um maior apoio logístico e um maior preparo também. São eles: Soldados, Escoteiros, Biólogos, Antropólogos, ‘Tracers’ esportivos (Parkour selvagem), e Grupos de Ensino, como os dos cursos de Sobrevivência para Comissários de Bordo (Aeromoças e Aeromoços) das companhias aéreas. E, embora haja mais exemplos, por hora ficamos com estes.
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Em todas estas situações, há algumas necessidades a serem saciadas. Não importa se você está em terreno hostil por força do destino ou por vontade própria, você terá as mesmas necessidades básicas.
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E, Finalmente, As Três Siglas
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Guarde bem estas três siglas ― elas poderão salvar sua vida um dia:
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PRAC ― ESAON ― CAL
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1) A Primeira: PRAC
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Numa situação de sobrevivência na Natureza, pessoas comuns, urbanas, cosmopolitas, tendem a entrar em conflito e em desespero. E os conflitos mal resolvidos, que levam ao desespero, levam também à falha crítica.
As pessoas, geralmente, deixam-se levar pelo estresse da nova condição, e acabam beirando a loucura. Brigas e discussões dentro do grupo, formação de ‘panelinhas’, brigas por poder, por comida e recursos... Tudo isso é previsível em um grupo de pessoas inexperientes nessas situações. Por isso mesmo, as companhias aéreas (e de embarcações), geralmente, dão treinamento aos comissários (aeromoças e aeromoços); para que, se houver uma situação parecida, eles consigam ao menos manter a ordem e a colaboração mútuas.
PRAC significa: Proteção, Resgate, Água e Comida ― Tudo o que você vai precisar dali pra diante. Ei cada item exemplificado:
Proteção envolve tudo o que será feito com a finalidade de garantir nossa segurança: desde o acampamento, sua limpeza, localização, à construção de um abrigo básico; desde os recursos para se proteger da chuva, do frio e dos insetos, à produção de fogo, a secagem das roupas e calçados, e os cuidados com a saúde.
Resgate é o que você fará para ser encontrado (caso esteja lá por acidente). Sinais com fogo, sinalizadores, refletores, formas geométricas feitas com troncos, pedras, etc... Sinais de rádio, de luz, enfim, tudo o que se dispor para revelar sua posição à equipe de resgate (ou a barcos/aviões ocasionais).
Água: Necessidade prima dos seres vivos. Encontrar água é tão vital quanto querer sobreviver. Deve ser considerada antes mesmo da comida, pois um ser humano sobrevive semanas sem comida, mas, dependendo da situação, nem dois dias sem água.
Comida: A próxima necessidade (depois da água). O item comida nos leva à segunda sigla, CAL.
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2) A segunda: CAL
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No que se refere à comida, cuide bem esta dica: Na Natureza, pode-se comer de muitas plantas e animais. Em princípio, cuidamos o que a fauna local, os macacos, veados, tatus, e esquilos, comem. Se é bom para eles, é bom para nós. Há mais de 300.000 espécies de plantas na flora brasileira, e pouquíssimas no mundo são tóxicas o suficiente para matar um ser humano. Na maioria, as plantas tóxicas causam alergias, dor de barriga, diarréia e coisas assim ― mais incômodos que perigos. Há, e evite os cogumelos. Há os seguros e os perigosos. Na dúvida, evite todos.
A maioria das folhas verdes, raízes, palmitos, flores e frutos são comestíveis.
Contudo, aceite esta dica preciosa: fique longe da CAL:
CAL significa: Cabeludas, Amargas, Leitosas.
As plantas (raízes, folhas, frutos e flores) que apresentem cabelos, seiva leitosa e gosto muito amargo são potencialmente indigestas (e perigosas).
Porfim:
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3) A terceira: ESAON
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O que é realmente perigoso numa situação de sobrevivência (no mato, no deserto, na neve, na praia deserta, etc...) não é a solidão. Sozinho fica até mais fácil. O que compromete a sobrevivência de um grupo é a discórdia; a desavença; as diferenças sobre as decisões. Sempre há um imbecil que acha que sabe mais que os outros (mas na verdade não sabe nada, e está tão desesperado, que venderia a mãe para sair dali); sempre tem um palhaço metido a entendido, mas que no fim das contas, mais atrapalha do que ajuda. A primeira decisão a ser tomada em um grupo é: quem será o(a) líder. No caso de um desastre aéreo/marítimo/fluvial, será sempre alguém da tripulação. Não que entre os passageiros não possa haver um expert, você pode até saber mais; mas é que ali você é responsabilidade da empresa, portanto deverá apenas auxiliar o seu representante no que for solicitado.
Outra coisa que acaba com os nervos dos marinheiros de primeira viajem (ou primeiro desastre) é o sentimento de impotência, de pequenea ante a situação. Aí é que entra o conselho:
ESAON quer dizer: Estacione, Sente-se, Alimente-se, Oriente-se, e Navegue.
Estacione: Já que tudo ‘deu errado’, que tudo ‘desmoronou’, vamos parar e pensar o que fazer. Achar um lugar confortável, limpo, sob uma sombra, para servir de Proteção. Ali, poderemos conversar e decidir com calma os próximos passos.
Sente-se: Neste local escolhido, descanse, fique à vontade, respire fundo. Tome as decisões com clareza e calma. Não adianta entrar em atrito com os outros, nem ficar reclamando. Relaxe e participe das decisões.
Alimente-se: Alguém pode se ocupar em dividir o alimento (se houver), e outro pode ficar encarregado de encontrar uma fonte de água doce, árvores frutíferas, plantas conhecidas ou caça. Faça um reconhecimento do terreno ao redor da ‘base’.
Oriente-se: Seja através da bússola, do sol, das estrelas, etc... Procure saber onde você está, nem que seja aproximadamente.
Navegue: Se o local se mostrar perigoso, procure outro, mas sem perder a noção de onde estavam antes. Se houver a possibilidade de encontrar vilas, casas, ou outros focos de vida humana, empreendam a jornada com ordem e organização. Contudo, este é o mais perigoso dos movimentos: às vezes é mais fácil o resgate nos procurar perto do local do acidente, e conseqüentemente, onde estivemos estacionados primeiro. Só empreenda navegação se as chances forem maiores que 50%.
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Bem, eu não sou o dono da verdade. Faço o melhor para aconselhar quem porventura possa se achar numa situação difícil. Seja lá você quem for, um(a) aventureiro(a), ou um engravatado, um(a) don(o)a de casa, um(a) modelo, um político(a), ou simplesmente alguém que não pretende embrenhar-se no mato, não importa, todos vocês correm o risco de um dia estar numa condição limite como estas (por acidente, seqüestro, etc...). Então, não custa gastar um tempinho lendo sobre o assunto. Procure o maior número de fontes possível, e nunca aceite tudo o que um único blog te empurrar. Meu conselho maior é: Conhecimento nunca é demais. Procure enquanto pode, para, quando precisar, já tê-lo! E, se você leu isto, é porque sabe que pode precisar.
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(Quarta-feira, 9 de março de 2011. 22:25.)

quarta-feira, 9 de março de 2011

Investimento Material

Faca na Bota
Progressão Noturna
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Investimento
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Lista de Itens e preço médio:
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01) Cantil militar (0,9 Litros) – R$ 20,00 a R$ 32,00;
02) Caneca de ferro esmaltado – R$ 10,00;
03) Faca de sobrevivência (Tramontina) – R$ 55,00;
04) Pederneira – R$ 10,00;
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05) Facão de Mato – R$ 11,00 a R$ 15,00;
06) Pá dobrável - R$ 30,00 a R$ 40,00;
07) Espelho – R$ 2,00;
08) Lupa - R$ 2,00;
09) Kit de Primeiros Socorros (variado);
10) Apito – 5,00 ou menos;
11) Identificação (documento de identidade);
12) Garrafinhas Pet (descartadas);
13) Cordões diversos – R$ 2,00 ou cadarços velhos.
14) Escova de dentes – R$ 5,00;
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15) Mochila - R$ 40,00 a R$ 80,00;
16) Sacolas impermeáveis - quaisquer;
17) Poncho impermeável – R$ 40,00 a R$ 80,00;
18) Mudas de roupas curtas (pessoais);
19) Mudas de roupas longas (pessoais);
20) Cinto militar – R$ 30,00;
21) Cordas - R$ 7,00 a R$ 12,00 o metro;
22) Calçados - R$ 300,00 (botas de montanhismo);
23) Bússola Magnética – R$ 13,00;
24) Repelentes para insetos – Grátis, se souber como fazer.
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* Valor estimado, baseado em meu próprio material, adquirido entre novembro e dezembro de 2010.
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Itens de Primeiros Socorros:
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>>>> Há itens prontos por valores em torno de R$ 50,00. Mas vale pesquisar. Mesmo que custe um pouco mais, eu prefiro montar o meu próprio Kit:
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* Gaze;
* Esparadrapos (ou fita tape);
* Lenços limpos;
* Desinfetante (Merthiolate);
* Água oxigenada;
* Pomada anti-inflamação;
* Band-Aid;
* Álcool;
* Pinça;
* Tesoura;
* Agulha;
* Linha de costura;
* Algodão;
* Iodo;
* Soro fisiológico;
* Sal (para baixa pressão);
* Luvas de borracha;
* Cartões telefônicos (Socorro).
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